Ismael & Isaac

                                                                   Versão em Inglês: Ishmael & Isaac
                                                                   Versão em Francês: Ismaël & Isaac
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Curiosidades da Bíblia, Evangelho sem Palavras e Meu Herói

ISMAEL: Estou com 89 anos e você 75, meu irmão. Hoje, eu e você, sepultamos nosso querido pai Abraão. Depois de 73 anos sem nos vermos, vamos aproveitar estes dias para lembrar um pouco de nossa turbulenta infância?

ISAAC: Certamente, mano. Nada melhor para acalmar nosso coração em momento tão triste.
                                                                  

ISMAEL: Você considera seu povo muito mais abençoado que o meu?

ISAAC: Quem pôs essa ideia na sua cabeça, meu irmão? Claro que não.

ISMAEL: Eu sei que Alah me rejeitou e preferiu a você. Eu até tive que sair de casa com minha mãe Agar, quando eu era ainda uma criança, por exigência de sua mãe Sarah. Você não faz idéia como aquela situação foi triste para a minha mãe naqueles dias!

ISAAC: Posso imaginar, Ismael, como foi difícil para sua mãe aquela despedida do nosso pai Abraão. E com ele não foi diferente. Mas aquela foi uma situação típica de família. Minha mãe não estava preparada para encarar uma questão, hoje, aparentemente simples.

ISMAEL: Mas como você explica o consentimento de nosso pai e de Alah a uma atitude tão injusta de sua mãe Sara?

ISAAC: Nós humanos olhamos as coisas como acontecem em determinado momento. O Senhor vê as mesmas coisas em visão panorâmica. Na verdade ele estava preservando sua vida e a vida de uma grande nação que havia de sair de você.

ISMAEL: Mas você concorda que a bênção de Alah estava reservada para você e não para mim?

ISAAC: É preciso compreender bem essa questão, Ismael. Quando você nasceu, nosso pai orou, abençoa meu filho Ismael, Senhor! O Senhor atendeu o pedido dele e disse, abençoarei a Ismael também.

            Aqui há uma coisa importantíssima a considerar. O Senhor tinha proposto e prometido fazer de nosso pai Abrão, pai elevado, um verdadeiro Abraão, pai duma multidão. Então, ele faria tudo para honrar seu grande nome e sua força onipotente, mesmo sendo minha mãe muito idosa e estéril. Como marco da promessa, mudou também o nome de minha mãe Sarai, minha princesa, para Sara, princesa de muitos.

            Foi aí que nosso pai e minha mãe acharam que Javeh  precisava de uma ajudinha deles para cumprir suas impossíveis promessas. Minha mãe ofereceu sua mãe Agar como esposa a nosso pai e você nasceu, já com uma bênção prometida, como eu disse.

Quando sua mãe saiu de casa pela primeira vez, estava grávida de você, Javeh disse a sua querida mãe que já tinha ouvido suas súplicas. Tanto que você se chama Ismael, Deus ouve, nome profético antecipado pelo próprio Javeh. Naquela mesma ocasião, ele também prometeu a ela uma descendência tão numerosa, que ninguém poderia contar. Foi ordenado também que ela voltasse para a casa de nosso pai.

O ponto de honra de Javeh permanecia de pé. Com Sara te farei o pai de uma multidão. Por isso mesmo recebi um nome bastante sugestivo, Isaac, um onomatopaico, porque minha mãe riu atrás da porta quando ouviu o mensageiro do Céu falando com nosso pai, daqui a nove meses, Sara vai dar à luz um menino.

ISMAEL: Agora, aqui estamos nós como testemunhas da fidelidade e da onipotência do nosso poderoso El Shadai, enquanto vemos as multidões que procederam da gente.

Meu irmão consegue ver algum fato comum aos nossos dois povos, além da semente de nosso pai?

ISAAC: Por enquanto vou lembrar apenas um fato notável. Quando meu neto José estava para ser morto, jogado no poço pelos irmãos, a providência divina lançou mão de seus irmãos Ismaelitas, que passavam a caminho do Egito, para salvar a vida do rapaz. Foi comprado por aquela caravana e vendido na corte de Faraó. Parece uma coisa simples. Mas foi por meio do meu neto que a semente de nosso pai se tornou um povo no Egito. Tudo isso se tornou um passo importante da providência do Criador na consecução de suas promessas.

ISMAEL: Será que você pode me contar alguma coisa de sua infância, daqueles dias quando eu já havia saído da casa de nosso pai?

ISAAC: Ah, meu irmão! Aconteceu alguma coisa que jamais poderia esquecer. Eu tinha cerca de meus doze anos.

            Uma noite, nosso pai me disse que íamos nos levantar bem antes do amanhecer do dia porque o sacrifício seria bem distante. Seriam três dias de viagem até o local escolhido por Javeh.

            Depois de três dias de caminhada, verifiquei que nosso pai levava os instrumentos do culto, ou seja, o fogo, a lenha e o cutelo, mas não vi o cordeiro. Foi aí que lhe perguntei, Meu pai. Onde está o cordeiro para o sacrifício? A resposta que ele me deu não me pareceu muito lógica, Javeh proverá para si o cordeiro, meu filho!

            Ao chegarmos ao alto do Monte Sião, nosso pai preparou todas as coisas, mas eu  ainda não via qualquer cordeiro para a imolação. De repente, ele me pegou em seus braços e me colocou sobre o altar. Depois de render graças a Javé, levantou o cutelo em sua pesada mão. Antes, porém, de descer a faca, ouvimos uma estrondosa voz caindo do céu, Abraão! Abraham! Não faças tal! Já sei até onde vai o teu respeito por mim.

            Naquele momento, compreendi que nosso pai estava apenas cumprindo uma ordem divina. Era mais um passo, depois do meu miraculoso nascimento, na direção de fazer de nosso pai o pai de uma grande multidão.

ISMAEL: Posso imaginar, Isaac, como sofreu o coração do nosso pai durante aquelas últimas horas. Certamente foi a peregrinação mais terrível de toda a sua vida.

Uma coisa ainda me esquenta a cabeça. Vou lhe ficar eternamente agradecido se você puder me explicar a razão desse enorme trabalho de Alah e do nosso pai para formar uma multidão com nossos dois povos.

ISAAC: Na verdade, Ismael, essa multidão vai bem além dos nossos dois povos. Essa multidão é composta por aqueles que se tornam filhos de nosso pai Abraão pela fé. Nos dias antigos, nosso pai foi chamado o amigo de Deus. Multidão por multidão, já havia muitas multidões. Javé não precisava de mais uma multidão. Nossos dois povos nasceram nas mãos de Javé para tornar possível a vinda da multidão dos filhos espirituais de nosso pai Abraão. Voltemos então a minha experiência de adolescente.

            Eu levava o feixe de lenha do sacrifício sobre os meus ombros.

            Um cordeiro apareceu no cipoal da montanha e foi sacrificado em meu lugar. Era um cordeiro sem mancha.

            Aquele Monte é o mesmo onde Jesus levou o madeiro em seus ombros e foi sacrificado por todos os filhos de Abraão.

ISMAEL: Sempre pensei em Jesus como o mais ilustre filho de nosso pai Abraão, julgado por Israel, executado pelos romanos e sepultado também pelos filhos de Israel. Mas agora entendo que ele não se apresentou como salvador nacional, mas universal. Não foi apenas mais um mártir nacional, mas o Salvador de todos os filhos de Abraão.

É assim que você explica a presença do Senhor Jesus neste mundo?

ISAAC: Sim, meu irmão. Vou dar aqui somente mais duas provas. Primeiro, ele gastou boa parte do seu tempo ajudando estrangeiros e filhos de nossa mãe Agar. Isso foi uma constante no seu serviço e pregação. Segundo, quando voltou ao Céu, ele disse, Ide por todo o mundo e fazei discípulos de todas as nações. Acrescento alguns fatos notáveis da vida do Messias.

1.      Jesus nasceu, viveu e morreu segundo os escritos sagrados dos nossos pais. Isso nos oferece uma tremenda diferença e segurança. Se você atentar para todos os detalhes de seu nascimento, vida e morte, você estará absolutamente convencido de que Jesus é o Cristo, o ungido de Javeh para salvar o mundo.

2.      Sua morte se deu de forma voluntária, uma vez que seus feitos provaram perfeitamente ser ele capaz de evitá-la a qualquer momento.

3.      Se a morte de Jesus não tivesse propósito eterno, por que teria ele morrido?

4.      Como está previsto nos Salmos de David, sua morte não teve poder de consumir seu corpo. Por isso que ressuscitou ao terceiro dia.

5.      As provas foram tantas que nenhuma condenação pôde oficialmente ser feita contra as suas testemunhas. Caso contrário, estas teriam que dar conta do seu corpo.

6.      João e Pedro viram os lençóis no túmulo como se ainda estivessem envolvendo seu corpo. Isso lhes causou tremendo espanto e os fez lembrar de suas palavras em vida.

7.      Não se esqueça de que as mesmas testemunhas, seus primeiros discípulos, duvidaram da ressurreição do seu Senhor enquanto puderam. Até que os fatos derrotaram toda a sua incredulidade durante quarenta dias gloriosos.

ISMAEL: Se Jesus não veio como um herói nacional, mas como Salvador do Mundo, como eu, minha família e meus amigos podemos nos beneficiar da vinda do Senhor Jesus?

ISAAC: Os benefícios são para todos os povos e raças, conforme sugere o honradíssimo nome do nosso pai, Abraão. Mas o caminho para alcançarmos todos os benefícios da vinda do Senhor Jesus a este mundo é a nossa fé em Jesus. Todo aquele que nele crê se torna filho de Abraão. A soma de todos os filhos de Abraão é a multidão dos filhos de Javeh.

            Esta fé é bem mais que uma aceitação intelectual. É uma aceitação voluntária do coração humano. Todo aquele que nele crê torna-se filho de Deus e tem a vida eterna. Esta experiência é chamada de filiação, reconciliação, perdão, salvação, regeneração, justificação, redenção, atonement, e de várias outras maneiras.

            Embora individual, o exercício dessa obediência pode ser feito até mesmo por uma grande multidão em um determinado momento. Os benefícios são imediatos, tanto no plano pessoal, nacional e internacional. Tanto no plano temporal como no eterno.

ISMAEL: Existe alguma fórmula segura para que eu saiba que estou exercendo minha fé de um modo correto e tomando posse de minha salvação?

ISAAC: Não é necessário buscar nenhum lugar, ato formal ou vestimenta apropriada. Basta você se despojar de si mesmo e em total humildade fazer uma oração como esta.

            Grandioso Alah. Graças por ser um verdadeiro filho de Abraão segundo a carne. Graças também porque posso me tornar um filho de Abraão pela minha fé. Neste momento, creio e recebo a Jesus como meu Salvador e Senhor Eterno. Com tudo que eu faça, não mereço esta grande dádiva. Mas preciso dela e te suplico. Perdoa todos os meus pecados e escreve meu nome no livro da vida pelo sangue de Jesus. E ajuda este teu servo a te servir e te honrar por toda a minha vida. Amém.

NOTA DO AUTOR. Claro que as referências dos dois irmãos a Jesus e o Calvário só podem ter sentido imaginando ambos outra vez com o pai Abraão, agora no Paraíso celeste, visto que viveram há quase 2000 anos antes de Cristo.

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